quinta-feira, 3 de março de 2022

E depois da primeira hora

Este título faz-me lembrar o "E depois do adeus". Mas na realidade este post é sobre o depois do Olá.
Olá às corridas outra vez!

Estive uns tempos encostada à box e os meus ténis de corrida até ganharam um lugar numa caixa de sapatos daquelas que só servem para nos cair em cima da prateleira mais alta do armário quando nos esticamos para tentar tirar qualquer coisa.

Ah e tal foste operada.. a recuperação foi mais lenta que o normal.. depois a desmotivação... Balelas!
Já andava preguiçosa antes disso... já não havia meias-maratonas no calendário e pouco a pouco fui deixando o íman do sofá atrair o metal na minha panelita...


E agora finalmente lá fui buscar um escadote e tirei os ténis da caixa. E fui dar corda (aos ténis) para ver o que acontecia. Ao início aconteceram várias coisas (lá venho eu com a enumeração):

  • Tive dor de burro passado 3 minutos e senti profunda admiração pelo meu eu dos tempos áureos das corridas onde corria ainda mais rápido quando tinha dor de burro para o ácido láctico ir não sei para onde

  • Os meus joelhos não curtiram da cena. De todo. Até fui buscar os exercícios que a médica de família me tinha dado para os meus "joelhos de corredor".
    Duas notas aqui. Ter joelhos de corredor não é um elogio como inicialmente pensei. 
    Também fui buscar o papel com os exercícios à última prateleira do armário ;)

  • Passados uns 20 minutos já tudo no meu corpo e à volta me incomodava. Aquela mescla de cabelo que tinha ficado de fora do rabo de cavalo, a camisola que tinha mangas muito largas, a meia que estava dobrada, muito vento, pouco vento, pessoas a passar por mim, muito oxigénio no ar...
    Ah pois é! Era o meu cérebro a puxar para o caminho mais fácil: "Minha menina tu não és feita para isto. Vais mas é já buscar uma jola e sentar-te no sofá". 

  • Percebi porque é que aconselham as pessoas a fazerem a maratona antes dos 30. Há sítios do meu corpo que doem agora que não doíam quando tinha 20 e poucos anos. Mas também é porque eu tenho ido buscar muitas jolas ao frigorífico. E vinho, que se for tinto nem é necessário ir ao frigorífico..
    Adiante, sem mais dispersões nas próximas 5 linhas.
Depois do baque inicial, depois de perceber e aceitar que estava pior do que aqueles corredores de fim-de-semana (alusão à noção de condutores de fim-de-semana em termos de qualidade, mas para as corridas) lá me foquei e marquei a primeira corrida do ano no calendário.

E convenci a minha personalidade impaciente de que não podia de repente achar que corria 16kms outra vez com "uma perna às costas". Então comecei de fininho. E aprendi a "alongar longamente" para os meus joelhos me deixarem subir e descer escadas no dia seguinte sem cantarem uma ópera num tom altíssimo de dor. 
E não é que já tenho os meus joelhos a cantar em contralto? (O objectivo é que cantem baixo ou mute e... já estou a dispersar outra vez).

Há um tempo que tinha já passado ali a barrita dos 10km, com os bofes de fora e nem mais um metro. Mas a um ritmo suficiente para ainda ser honrosamente abaixo da hora.
Esta semana fui correr, tinha tempo e achei que tinha energia para só virar para trás um bocadinho mais à frente.
Para contextualização, corro muito frequentemente ao longo do rio Schelde (traduz em Português para rio Escalda), por isso tenho de gerir o esforço para ainda fazer a mesma distância para trás desde o ponto de partida.

Voltado ao tópico deste post, decidi que ía tentar os 12km, o que queria dizer que ía passar a barreira da 1h a correr. É uma barreira fortemente psicológica, já que os 10kms já andavam ali nos 55minutos. Quem corre 55minutos corre 60minutos.
Mas, na minha cabeça tolinha, 60minutos têm muito menos valor do que 1 HORA.

E, apesar de, como de costume, ter demorado muitas linhas na introdução do post, o que vos quero falar é do que se sente (ou do que eu sinto) quando se chega ao minuto 60 e alguns segundos a correr (1h00'X'', com X>0, para ser precisa).
Ao minuto 59 tudo dói.. mas ao minuto 60... Ao minuto 60 há uma felicidade interior que estava escondida bem escondidinha e que grita ao cérebro: "mete a jola no befe que eu sou menina para isto e muito mais!"

Confesso que uma lágrimazita me escorreu pela face quando olhei para o relógio e registei aquele minuto.
Foi uma lágrima pequena, que não tinha levado água e já tinha suado que nem um porquinho... mas foi tão profundo.
Foi a memória da primeira vez que cruzei uma meta de 21kms depois de quase ter desistido aos 4. Foi a memória das manhãs e serões passados entre a torre de Belém e o Cais Sodré. Foi a memória de ter de correr por mim e por uma amiga que não conseguiu chegar à linha da meta com a família dela toda à espera com cartazes e ver a desilusão nas suas caras.
E foi a memória de quão forte psicologicamente correr longas distâncias me tornou. Aguentar a dor, correr "com a cabeça", alegrar e deixar-se ser alegrado por quem corre ao nosso lado, puxar por quem parece que vai parar à nossa frente e manter um olho nos que vão a correr connosco mas um pouco atrás.
Isto são lições de vida do c******!

Só corri 1h07min (os meus joelhos.. construir músculo, etc), mas aqueles últimos 7 minutos souberam-me pela vida. As pessoas com quem me cruzei sorriram-me todas (e são belgas... não é fácil). Depois das 3ª pessoa percebi que era porque EU tinha um sorriso gigante e parvo no rosto que não conseguia fechar. As pessoas estavam na realidade a sorrir de volta para mim.

Porra.. quero muito manter este sorriso. E mantive-o um bocado, mas depois do banho a limpar a perna tive uma câimbra lixada e confesso que o sorriso se desvaneceu um bocadinho com a ópera outra vez em soprano ou mesmo tenor (ainda se lembram desta piada poderosa? Senão façam CTRL+F e depois "ópera").

"Resumidamente", mais do que estar aqui a fazer show off de que corri uma hora e picos, quero focar-me na descrição dos sentimentos que brotaram quando cheguei aos "picos".
Para mim essa profunda alegria vem de correr durante um grande período de tempo, onde o corpo se supera e o espírito se abre e rejubila (gif a dançar à maluca).
Não sei como é que temporariamente me esqueci que correr me fazia sentir assim!

Agora... vamos ser honestos, que honestidade é uma coisa muito bonita.
Não precisamos todos de correr mais que uma hora, se não as corridas estavam à pinha e não havia espaço para correr.
Mas que este post seja um abre-olhos (adoro estas palavras de Big Brother) para nos perguntarmos onde é que encontramos essa felicidade.
Quando é que foi a última vez que sentiram "61 minutos à Ana"? 
(Tenho de encontrar um nome melhor, que isto assemelha-se muito a "5minutos à Benfica". Depois faço uma correcção no post da semana que vem, como nas revistas)

Pronto, nome à parte, quando é que foi a última vez que sentiram essa coisa descomunal, essa alegria que vinha de dentro de vocês e que contagiava outras pessoas? Estavam a fazer o quê? É que, meus meninos, essa coisa que estavam a fazer talvez seja mais imprescindível na vossa vida do que pensam.

Para mim foi esta semana, estava a correr 61 minutos e ainda tenho "um brilhozinho nos olhos"!
 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Quem é vivo sempre aparece!

Ora boa noite.

Nem sem bem como é que hei-de fugir ao embaraço de voltar a escrever neste sítio depois de mais de 5 anos sem bater uma tecla aqui.

Estive ocupadíssima, podíamos dizer, mas nem sequer foi sempre o caso. Ao fim e ao cabo, houve o Covid que nos parou em casa uns bons tempos. Fiz zumba online, fiz yoguita, fiz um campeonato de jogos de tabuleiro e até fiz bolachas super compactas (e más!) de chocolate, mas não me ocorreu escrever no blogue. Acontece aos melhores, aos piores e aos médios, como eu.

Também não vou fazer um rescaldo dos 5 anos passados, que honestamente não tenho paciência. Nem a minha vida é tão feita de peripécias. Mas tem algumas coisas engraçadas para contar, se não, não valia a pena escrever um blogue (se calhar não vale, mas eu quero acreditar que sim).


Prontos.. a verdade é que era mais caro (leia-se trabalhoso) fazer outro blog e uma outra verdade é que eu ainda tenho historias de Gente para contar. Não fosse eu gente e não me relacionasse eu com gente na sociedade (confesso que agora com menos prática por causa das coronitas).

Então, antes de continuar para um outro post com mais seriedade e (talvez!) mais conteúdo do que "Malta voltei!", queria fazer um spoiler e um disclaimer:

- Como puderam ver por estas palavras internacionais que escrevi em cima, ainda não voltei a Portugal. Ou melhor, já voltei várias vezes de férias e o ano passado com o Covid até perguntei a mim mesma se morava lá, de tanto tempo que lá passei a fazer "trabalhar de casa".
Mas a verdade é que os 4 anos e nem mais um dia se transformaram em já mais de 8 anos aqui nas Belguices. Tou uma belga qb, como irão perceber muito em breve se esperarem pelos próximos episódios. Melhor esperar sentados que se este post demorou 5anos, quem sabe quando será o próximo.

Pronto isto era o spoiler, de que Gent poderá continuar a aparecer nas histórias que vou contar. Agora o disclaimer:

- No primeiro post que fiz em 2000 e troca o passo, desculpei-me muito por não conseguir pôr acentos, coitadinha, que o teclado não dava, não tinha, etc... Desculpas!
Pois hoje, belga e preparada como estou, comprei um teclado português e trouxe-o na mochila para a Bélgica😱😱😱😱😱! 
No entanto... já dizia o homem-aranha... com grande poder vêm grandes responsabilidades. O que é que isto quer dizer neste caso? Que todos os erros e coisas esquisitas que aqui forem escritas oficialmente a partir de hoje... são na totalidade culpa minha e não do teclado. 

Apesar de belga preparada, disse em cima QB. Por isso peço um desconto só para os primeiros posts onde o computador e o teclado não estão completamente alinhados: o ~ e o \ estão em sítios trocados. Por isso pode acontecer um n\ao no meio da confusão. Eu e as tecnologias continuamos super amigas, já reiniciei o computador como o senhor da Meo me aconselhou, mas as teclas continuam trocadas. Mas vou agora ligar para a loja dos chineses onde comprei o teclado e devem-me resolver o problema.


- Ah! Afinal quero fazer um outro disclaimer, que tuguita que é tuguita fala sempre mais do que aquilo que deve. Saí de Portugal antes do acordo ortográfico. Tive de estudar Fernando Pessoa e as suas infinitas personalidades com consoantes mudas para tornar a coisa mais difícil. Por isso, ou o corrector ortográfico me corrige e eu n\ao dou conta ou então vamos ter baptismos, Segundas e Sábados, e outras coisas antigas que eu nem sei que mudaram.
E tenho dito 💪


E foi isto por agora, na rubrica "Malta voltei!". Não percam o proximo episódio porque eu também não (que vou escrevê-lo).
Queria dizer Boa noite e um queijo como os meus colegas do nono ano diziam, mas já vi que o 5 para a Meia Noite fez uma rubrica que se chamava assim e n\ao quero parecem que estou a imitá-los. Eu citaria a versão original do meu colega, boviamente.


PS - Se entretanto perceber como funciona o novo (já não tão novo) acordo ortográfico talvez lá comece a escrever correctamente uma palavra ou outra. Não venham já os revolucionários modernistas dar-me na cabeça.

PS1 - "Malta voltei!" vai com certeza ser um post muito pertinente que farei em breve já que efectivamente voltei recentemente a visitar Malta e foi um Gozo!

PS2 - Este PS é só porque não há duas sem três, apesar de começarmos a contar 0..1..2.. continuam a ser 3 PSs (usem os dedos se necessário, que não é fácil)
Aqui um à parte dentro do PS, imaginem Portugal ter 3 PSs. Já tem dois: PS e PSd. Este transformou-se num "óptimo" assunto para um post também.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Último dia em Lisboa

Não é o tempo, que esta espectacular em Lisboa.
Não é o ceu azul. Não é o cafe nem mesmo a simpatia das pessoas.
É o sentimento de ser acolhida onde quer que vá. É a nostalgia de passar em locais que me relembram de tantos momentos passados com alegria e amor.
É isto que eu sinto no meu último dia em Lisboa.

Não é o tempo, que está terrivel em Gent.
Não é o ceu cinzento. Não é o cafe aguado nem a falta de simpatia das pessoas.
É o sentimento de voltar a minha rotina de todos os dias. É a adrenalina do desconhecido que está sempre presente no meio do que é habitual nos meus dias.
É isto que eu sinto no dia antes de voltar a Gent.

É um dia onde a minha cabeça e o meu coração viajam a mil à hora, passando imagens dos dois sítios e tentando mostrar-me, alternadamente, ora que apanhar o avião eé a melhor coisa que vou fazer, ora que devia ficar a dormir e não ir para o aeroporto.

Estou sentada numa esplanada na praia, de t-shirt e cardigan a pensar no mega casaco de Inverno que vou vestir amanhã.
Estou a olhar para o mar e penso nos canais de Gent (sem comparação de beleza obviamente).

Não é que não saiba quem sou, pois isso sei muito bem, mas estes dias emocionais fazem-me sempre pensar na grandiosidade que é podermos estar "espalhados" por tantos sítios com uma ligação tão grande  e profunda.

Que sorte tenho em ter mais que uma cidade no coração.
Que sorte tenho em ter aprendido que dizer adeus é muito diferente de dizer até já.
E que por muito que os "até já"s me partam o coração, sei que são efectivamente "até já"s e não "adeus".
Que sortuda sou em sentir saudades de tanta gente, porque quer dizer que trago muita gente no coração

Nestes dias é quando eu eu sinto literalmente saudades de toda a gente. Das minhas relações em Lisboa que já não vou ver hoje, das que ainda vou ver hoje e de todas as outras de Gent que vou ver amanhã e nos próximos dias.

Há uma razão pela qual "saudade" não tem tradução para outras línguas. Porque nem toda a gente tem capacidade para compreender a complexidade desta palavra em todo o seu esplendor.
Hoje toda eu sou saudades.
E que sorte tenho pois tenho saudades dos pedaços de mim que deixei com as pessoas que amo.
E que sorte tenho por amar tanta gente!

Hoje foi um post em estilo saudade. O próximo voltará às palhaçadas do costume (já imensas ideias a surgirem :P)

sábado, 17 de setembro de 2016

Gentse feesten: 10 dias iguais... ou não!

Julho 15 a 24. Em Gent é tempo para o festival mais famoso do ano.
Dez dias completamente gratuitos onde 6 grandes palcos (ou 7 já não me lembro bem..), centenas de palcos pequenos e todos os parques da cidade recebem inúmeros cantores e bandas.
Da musica classica ao rock, ao swing, à musica do mundo, etc..
Juntamente com aulas de musica e dança, actuações de circo e outros talentos apresentados no meio da rua.
A isto tudo juntam-se stands de comida e milhares de spots para bebidas.
Todos os dias, sem excepção, das 10 da manhã (para as crianças) às 10 da manhã (para os adultos que aguentarem).

Basicamente eu moro no festival dado que a minha casa é no centro de Gent.
Todos os meus vizinhos desaparecem das suas casas na semana antes do festival comecar e no primeiro ano que ca morei, a câmara de Gent ate enviou pelo correio tampões para os ouvidos.
A verdade e que parece que a localização da minha rua é estratégica porque o barulho dos concertos e Djs tardios nao afecta o meu sono.
De qualquer maneira, nos anos anteriores planeei as minhas ferias de forma a ficar só 3 ou 4 dias do festival e depois sair de Gent (a universidade tem ferias obrigatórias nesta altura e a maioria das empresas sediadas em Gent segue o mesmo procedimento da universidade).

Este ano aconteceu que fiquei em Gent durante todo o tempo do festival.
Lembro-me de comentar com os meus amigos que seria impossivel ir todos os dias ao festival porque se tornaria repetitivo e perderíamos o interesse.

Aparentemente é possível!
Foram 10 dias em que a "manhã" passou a ser uma parte misteriosa e inexistente do dia, a nao ser quando víamos o seu inicio no caminho para casa.
Os dias começavam sempre mais ou menos no mesmo parque com uma "pintje" a meio da tarde e uma aula de salsa, boombal ou kizomba (ou outra coisa qulquer), ou simplesmente na relva a aproveitar o sol da Bélgica.
De seguida uma voltinha para ver as bandas de rua e depois... depois cada dia era uma nova história.

3 anos e tal a viver no mesmo sitio faz com que comeces a encontrar mais pessoas conhecidas na rua sem planear. E com quem acabas a conversar horas a fio e que trazem pessoas consigo que tu nao conheces.. mas que passas a conhecer para os proximos dias.

A base do dia começou quase sempre com o Manuel, o meu parceiro nesta dura aventura do festival de Gent, mas às três da manhã ja estavamos rodeados de amigos, conhecidos e estranhos com quem dançámos, bebemos, conversámos a partilhamos experiencias.

Lembro-me de algures durante a semana tentar precisar em que dia é que tinha visto um concerto muito bom... mas todos os dias se misturavam e parecia que ja tinha sido ha séculos.
Lembro-me de para o fim ter dores musculares de todo o tempo em pé a dançar, como se tivesse corrido 20kms no dia anterior.

Comecei quase todos os dias mais ou menos com um "proposito"... de encontrar uma amiga que ja nao via ha muito tempo, de experimentar aquela aula de danca que parecia engracada, de ir apoiar o meu amigo que ia tocar nao sei onde... nao importava, porque cada dia, apesar de em teoria igual, acabava por ser muito diferente.

Toda a cidade se transforma numa panóplia de risos, musica e sentimentos bons. É impossível ignorar.
É como se por 10dias vivêssemos numa "bolha do festival" que faz todas as maluquices parecerem normais e fundamentadas.
Recordo muitos momentos e conversas que me marcaram... e ha dias em que nao me lembro de nada que me tenha marcado... talvez porque estou a confundir esse dia com outro. A coisa funciona como uma experiencia num todo.

No ultimo dia do festival sentei-me com o Manuel num sitio à sombra (!) para beber um sumo (!) e começar a ganhar energia para o ultimo sprint da festa.
Recordo claramente que comentamos que estavamos ambos felizes que o festival estava no fim... porque nao estávamos confiantes de ter energia para muito mais...
E eu dizia (como ja tinha dito sem sucesso noutras noites) que aquele dia iria ser calmo... chegaria a casa cedo depois de apenas um ou dois concertos e de dizer ola ao amigos que iríamos encontrar.
Saímos do sitio onde estávamos e nem dez minutos depois encontrámos alguem conhecido... e la se foram os meus planos de um ultimo dia de festival calmo.
E ainda bem!

O festival acabou num Domingo e a Segunda seguinte foi efectivamente um dia MUITO calmo onde eu me perguntei muitas vezes onde é que tinha armazenado tanta energia para aguentar os ultimos 10 dias a um ritmo alucinante.
Mas a verdade é que na Terca ou na Quarta já sentia a falta do hábito" Às 18h no Baudelo park?"
Parecia que estava a faltar qualquer coisa nos meus dias (noites) :)

O Gentse feesten este ano foi demasiado especial para ser esquecido em breve.
E, se não os 10 dias, pelo menos 3 dias seguidos do festival de Gent, eu aconselho a toda a gente pelo menos uma vez na vida!

Belgium: A non-guide

Decidi que estes quase 4 anos da minha experiência na Bélgica nao podem ser esquecidos.
Tanto aconteceu entretanto.. Tantas coisas boas, mas, normais, esquisitas e muuuuuuitooooo esquisitas aconteceram que nao posso dar-me ao luxo de as esquecer, distraída como sou.

Por isso, é ponto assente que vou juntar umas notas do que escrevi aqui e de muito mais que nao escrevi (por preguiça ou privacidade) num "manuscrito" que por hora consiste apenas num título.

"Belgium: A non-guide".

Primeiro porque é um título engraçado. Depois porque apesar de me sentir em casa por estas bandas, nao me sinto, de longe, em condições de dar conselhos para guiar uma vida na Bélgica.
Por isso vou escrever o que sou boa a fazer: um "não-guia".

Mais pormenores virão em "breve" :)

É oficial: Ser emigrante faz gostar de fado!

No Domingo passado uns amigos desafiaram-me para um dia diferente.
Fomos a uma escola de dança que tinha um dia aberto para experimentar diferentes estilos de dança.
Olhámos com muita atenção para o programa e decidimos que íamos começar com flamenco.

Mal chegamos a escola percebemos que tínhamos olhado para o programa com tanta atenção que nos escapou o facto de a aula de flamenco ser para crianças. E apesar de provavelmente termos o mesmo nivel de dança que crianças de 8 anos (pelo menos eu...) decidimos que o melhor era nao fazer aquela aula.

Depois de 5 horas de Zumba, dança moderna, swing e danças orientais (estas ultimas que claramente nao sao para mim) concluimos que iríamos dar o dia por terminado com uma aula de tango argentino.

Os passos foram explicados em holandês.
Nos ja nao tínhamos a certeza que estávamos a perceber bem a coisa quando a professora me diz que eu e o meu par nos devíamos comunicar através do contacto com o chão que partilhávamos.
Ela disse isto em holandês e eu achei que devia ter percebido mal e pedi uma traducao em ingles. Mas mesmo que ela tivesse explicado em Português eu continuaria sem perceber o que era esta comunicação através do chão.
Depois de decidir ignorar o que a senhora nos disse, eu e o meu amigo lá conseguimos fazer uns "ochos" (melhores do que os do Jorge Jesus :P) e la para o fim da aula dançávamos já uma coisa que os nossos olhos dava ares de tango.

Nos últimos 10minutos da aula, que foram de "tango freestyle" os professores colocaram musica um pouco menos rigida para dar azo a nossa "criatividade" e... qual nao e o meu espanto quando a ultima musica que é suposto dançarmos é o "Meu fado" da Mariza.

Eu nem gosto muito da Mariza mas o facto é que o momento ficou muito mais especial com aquela musica e a certa altura la se foi o tango freestyle porque o que eu queria mesmo era apreciar aquela musica portuguesa numa sala de uma escola de danca numa cidade belga.

Estou habituada a ouvir os hits brasileirados do Michel Telo e afins aqui nos bares de Gent e de vez em quando continuo a enviar uma mensagem para Lisboa a dizer "Esta a passar a "Piradinha" aqui no bar. Ja traduzi para toda a gente!".

No entanto, continua a ser Português do Brasil. E a verdade é que o fado é inevitavelmente o estilo de musica portugues mais conhecido internacionalmente e portanto o mais facil de dar a conhecer.
E confesso que é muito bom ouvir uma musica na minha lingua materna num espaco publico a "uns quantos" quilometros de distancia.

Nao.. ainda nao comprei o meu fio de ouro... nem o meu Mercedes. E este ano voltei a falhar Portugal em Agosto e o dia 13 em Fatima... Mas como oiço muito pouco Portugues por aqui, quando oiço, tomo mais atencao. E nos temos uns quantos fados realmente muito bonitos.
Por isso, sem duvida, a proxima vez que a Carminho voltar cá a Gent, obviamente que vou continuar a convencer quinhentas mil pessoas nao portuguesas a irem comigo ao concerto :D

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Zurique em imagens

Aqui ficam algumas fotos que tirei durante o mes em que estive em Zurique.




No ultimo dia, na Burkplatz, o local onde o rio desagua no lago de Zurique.







A universidade onde estive a trabalhar durante o ultimo mes.



E a vista do bar da universidade.






A esquerda o bar com decoracao e musica mais aleatoria onde ja estive. Chama-se El Lokal.
A direita uma das cervejas suicas.










A catedral de Zurique e as varias perspectivas de uma das torres.






Tudo o que visitei em Munique no fim-de-semana em que la fui...



O lago de Zurique.



Um dos passeios de bicicleta



Letten, uma das partes hipster de Zurique, que nos dias de sol se transforma numa praia fluvial.



Uitliberg, a "montanha" de Zurique com a respectiva vista sobre o lago (em cima) 
e sobre a cidade (em baixo)


E por fim a vista de uma das pontes do Limmat, o rio de Zurique.